11 julho, 2011

Adeus, mãmã


Era apenas mais um dia normal para a pequena Filipa, esperava pela mãe perto do portão do colégio como todos os dias por volta das 18h00. De mochila às costas, via o tempo a passar e nem sinal da mesma, olhava em seu redor para todos os carros que estacionavam, procurava a cor cinza, pois era onde entrava todos os dias ao sair e ao ir para casa mas não o encontrava. Apenas vi-a os outros pequeninos da sua turma a correrem para os braços das suas mães, felizes e contentes, enquanto Filipa começára a ficar com um olhar triste. Passou-se cerca de hora e meia da hora habitual de ir embora, até que vê o tão esperado carro da mãe, um sorriso contagiante instalou-se imediactamente no rosto da pequenina, mas em vez de ver cabelos loiros e compridos, viu uns caracóis escuros mas brilhantes que certamente só podiam ser do pai. Estranhou, mas recebeu-o de braços abertos com o beijinho na testa que recebia diariamente do mesmo.
- Papá, onde está a mãe?
- A mãe... A mãe está... A mãe está no emprego pipoca, mas não tárda estará em casa para fazer o teu jantar preferido como te prometeu de manhã.
Algo não batia certo e Pipa percebeu, apesar de ter apenas 9 anos, aquela voz entristecida não enganava ninguém, muito menos a ela que sempre fora uma criança perspicaz e bastante inteligente para a sua idade, mas manteu silêncio durante uns minutos.
- A mãe está bem, não está?
- Claro que está meu amor, porque perguntas?
- Não é normal o papá ir-me buscar ao colégio, muito menos no carro da mãe...
O pai da menina começou a gaguejar, como se não tivesse resposta para as questões que lhe estavam a ser feitas, procurou rapidamente uma justificação aceitável, mas acabou por estragar tudo.
- A mãe só teve de ir a casa da avó buscar buscar qualquer coisa, não há-de demorar.
- A casa da avó? Então, mas o pai... O pai tinha dito que a mãe estava no emprego!
- Sim pipoca, é isso, o pai enganou-se. Sabes, é que tive à pouco tempo uma reunião e deixou-me esgotadíssimo, não ligues.
Filipa baixou a cabeça e as lágrimas surgiram inesperadamente.
- Pai diga-me, por favor! Onde está a mãe?
E foi dado um suspiro quase do tamanho do mundo. Abrandou e estacionou assim que pôde.
- Meu amor, sabes aquelas dores de cabeça que a mamã tem tido?
- Sim, claro que sim, ultimamente tem tido quase todos os dias e eu tenho-lhe dado os meus beijinhos que ela considera milagrosos!
- Exactamente... Mas hoje deu-lhe uma dor um pouco mais forte do que o normal e acabou por desmaiar, sabes que...
- O quê?! A mãe desmaiou?! Coitadinha! Onde é que ela está? Está melhor?
- Hey, calma, calma! A mãe teve de ir ao hospital fazer uns exames e ver se está tudo bem, mas não te preocupes, deve ser apenas o cansaço...
- Leve-me até ela papá, por favor, deve estar a precisar de mim tanto quanto eu preciso dela!
- Hospitais não sao sitios para meninas de...
- 8 anos, sim eu sei, eu sei, diz-me sempre isso, mas eu já não sou nenhuma bebé, por isso não me trate como se fosse e leve-me a ver a mãe, estou preocupada!
O pai acabou por ceder, sabia que ela não ia descansar enquanto não estivesse perto da mãe. Ligou o carro e dirigiu-se para o hospital.
Filipa saiu do carro com imensa pressa, puxou as mãos do pai para que se despacha-se ainda mais, entraram de mãos dadas e foram até ao corredor que lhes indicaram.
- Olha papá, é a avó que está ali! E o tio Mário, a tia Guida... A prima Joana.. O primo Diogo... Tanta gente! Porque estão aqui todos?
E nada, não obteu qualquer resposta. O pai encostou-se a uma parede, baixou-se e meteu as mãos na cabeça, já desfeito em lágrimas. A avó foi ter com a menina e agarrou-a com a máxima força possível e imaginária.
- 'Vó, a mãe?
- Oh princesinha... Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem...
- Não, não vai e eu gostava muito que me dissesse a verdade. A minhã mãe... A minha mãe... Morreu?!
Mas ninguém respondeu, as lágrimas que escorriam pela cara da família infelizmente diziam tudo. A mãe da pequena Pipa sofria de cancro já há bastante tempo, foi diagnosticado tarde demais e estava espalhado pelo corpo, incluindo zonas da cabeça que não podiam ser mexidas. Foi tudo muito rápido, tão rápido que Filipa não conseguiu perceber o que se passava com a mãe. Passaram-se meses e meses desde a sua morte, mas a frustação da menina nao mudára. Sentia-se culpada por não ter feito nada e isolou-se de todos, apenas com 9 anos de idade...



ps. esta história não é verdadeira!

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